segunda-feira, 24 de agosto de 2009

CIRCUITO DAS FRUTAS PAULISTA MELHORA RENDA DO PRODUTOR

Cerca de 1,5 mi de turistas visitam os sítios, que vendem produtos artesanais e permitem a colheita direto do pé
NADA SE PERDE - No sítio da produtora Dalva Anna Picchi frutas viram doces, compotas e licores
SÃO PAULO - Na antiga senzala, feita de pilão de taipa e coberta com telhas instaladas pelos escravos, há mais de 150 anos, descansam milhares de litros de cachaça em tonéis de carvalho. Na Fazenda Luiz Gonzaga, em Itatiba (SP), não há nenhuma lavoura em destaque. Ali, planta-se de tudo um pouco, pensando não apenas na qualidade do que é colhido ou produzido pelos animais, mas também em que o produto pode se transformar após processado: cachaça, no caso da cana; geleias, no caso de frutas; doces e queijos, no caso do leite de vaca; chás, no caso de ervas. A Fazenda Luiz Gonzaga, de dona Dalva Anna Picchi, fica a cerca de 100 quilômetros da capital paulista e integra o Circuito das Frutas, composto pelos municípios de Atibaia, Indaiatuba, Itatiba, Itupeva, Jarinu, Jundiaí, Louveira, Morungaba, Valinhos e Vinhedo.
Ali, da cana-de-açúcar, extraem-se 10 mil litros de cachaça por ano. O alambique é tocado por um fogão à lenha. O bagaço da cana, depois de seco naturalmente no sol, serve de cobertura morta nos parreirais, cujos bagos de uva viram geleia, suco e doce. O pomar é seleto: mamão, banana, laranja, maracujá, caqui, pêssego, ameixa, lichia e tangerina poncã, que rendem vidros de compotas, geleias e outras guloseimas. Coletando pólen das flores silvestres e frutíferas, as abelhas trabalham para fazer mel e própolis.

"O pequeno agricultor tem de diversificar para poder se manter", diz Dalva Anna, que é a responsável pela produção dos doces e bebidas artesanais além do queijos. O marido cuida do alambique.

1. Bebidas na loja do Tio Mario, em Vinhedo 2. Dona Dalva faz as massas
AGROTURISMOO Circuito das Frutas produz, no total, 170 mil toneladas de frutas como figo, caqui, goiaba, pêssego, laranja, morango, poncã, seriguela, pera, nectarina e acerola, que rendem anualmente, aos seus produtores, R$ 250 milhões, empregam 12 mil pessoas e atraem 1,5 milhão de turistas.Os sitiantes do Circuito das Frutas têm renda melhor e aproveitam praticamente toda a colheita e a produção animal. As visitas monitoradas às propriedades incrementam a venda direta de doces e concentrados de frutas, vinho, mel, queijo, cachaça e do "colha e pague na roça".Dalva abastece o restaurante da família - uma antiga baia para vacas leiteiras - com os produtos da própria fazenda. "Aliar gastronomia e turismo rural dá uma boa fonte de renda", diz ela. Outro ponto é a valorização da mão de obra rural. "Para a preparação de alimentos de qualidade e o contato constante com pessoas ávidas por informações sobre a vida na terra precisamos de funcionários treinados." "Assim, também, as propriedades não se dividem e as famílias do dono e do empregado se mantêm unidas no campo. Muita gente vendeu suas chácaras, todos foram embora e tudo virou um grande condomínio", lamenta, lembrando ser ela representante da quarta geração.

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